sexta-feira, 11 de junho de 2010

Aprendendo

Tive um deja vu
Vi pessoas trabalhando sem paixão
Andando e sendo chicoteadas
Acreditando em um milagre e chorando com suas familias

Tive a impressão de ter visto esse lugar e me levantei da poltrona
Fui até a janela e me deparei com um poço de lágrimas no esgoto
A rua exalava calor e o mijo escorria pela parede
Pessoas andando cabisbaixas, olhando para aquele chão fetido, sobre o que deveriam estar a refletir ?

Trabalhando para um salário apertado
Tragando os seus cigarros, como uma dose anti-stress
Bebendo para esquecer e falar no que acreditam
Ignorando o que as machucavam

Me lembrava das coisas infantis que acabara de ver no filme
Eram as mesmas em que vivia
Fiquei triste por pensar que talvez fosse melhor
Um chicote cheio de sangue do que uma mão na cabeça

Amanha terei outro deja vu
Mas dessa vez tentarei rir
Por lembrar que já vi isso num filme

E depois de amanhã
Chorarei por ter rido
Logo depois, ficarei confuso
Pensando se não choro por bobagem

Lembrarei, então da frase de louco Blake
O eterno esta enamorado dos frutos tempo

No futuro, então com mais centenas de outros deja vu, perceberei:

Que terei criado um mar com minhas lágrimas
Nela estará um reflexo emoldurado

E uma sinfonia com meus risos
Que são levadas pelo silencioso ritmo de meu maestro: a confusão

Terá também uma cadeira de praia onde estarei sentando tomando minha água de coco
Me vendo no reflexo da luz no fruto que espero anciosamente que caia

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