sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Se contradizendo

As perguntas movem
As respostas paralisam

O movimento mostra
O estático clama

O clamar amedronta
O proclamar fala

O medo fortalece
A certeza enaltece

A força cria o amor
Enquanto o medo se mantém velho

O amor cria sonhos
O sexo nos deixa céticos

Os sonhadores criam vidas
Os céticos se assustam com A vida

A vida envelhece
E a morte renova

Na juventude envelhece-se
Na velhice arrepende-se

Feridas ensinam
Carinhos mimam

Conhecimento revoluciona
A arte reconforta

Incomodados tentam melhorar
Confortados afirmam o ruim

Dúvidas criam amizades
Afirmativas enaltecem o ego

Amigos apoiam o novo
A sociedade dita o velho

Apoio revela o caminho
Caminhos escondem o achar

E paradoxos matam textos.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Inspiracao

Eu peco inspiracao,
Divina inspiracao

Porque outrora perdi toda esperanca
Quis ser o mais cetico
O mais rebelde da natureza

Tentei obriga lo a ser mais uma ilusao
Quis obrigar que voce fosse
E nao o deixei somente ser.

Nao disse nada
Ou melhor vc disse nao
Ainda bem.

E agora eu peco mais

Peco por inspiracao
Peco que me de
Algo que nao mereco ganhar

Pois outrora passei errante

Mas mesmo assim nao me acanho em pedir
Porque eh a unica forma
De nao voltar a outrora

Onde quis jogar tudo fora,
Quando fiz o meu tudo muito pouco

Mas mesmo sendo muito pouco quis maldize lo
Para me tornar menor ainda que o muito pouco
Acreditando que finalmente via as coisas da forma que sao

E agora peco inspiracao
Porque as vezes sinto que este pouco
Eh o tudo que eu preciso
Mesmo sendo cetico ou sonhador

O pouco ou o tudo
Eh algo que tenho
Na verdade nem sei se tenho
Quer dizer, nao o tenho

Mas eh algo
E se eh algo, eh
E como algo poderia ser ?

Que milagre !

Aonde reside meu ceticismo agora ?

Mas ele outrora volta
E novamente fara do todo somente um pouco
Para que eu me torne menor

Outrora menor
Eu o faco de nada
E outrora pensando ser sempre maior
Eu o pinto de tudo

Sera que importa o que eu faco com ele ?
Sera que por isso estou aqui:
Para saber a forma que julgo, que uso minha mente ?
Ou nada disso importa, tudo ou pouco, simplesmente eh ?

Balanco sobre o muro e nao me decido
Se acredito, ou se preciso ver

As vezes, as palavras parecem tao belas
Como rosas desabrochando lentamente sob uma aurora
Aurora linda que reflete na cachoeira sua cor alaranjada
Aurora que faz nascer a visao do belo
Aurora que nutre e simplesmente nasce
E ao nascer esquenta a natureza
Trazendo aos olhos a sua beleza

Aurora que decide, no momento
Somente no momento
para qual lado do muro irei cair

E aurora que quando parte me faz lembrar
De que outrora, elas sao somente palavras
De que na verdade, elas tambem nao sao.

Mas eu sou.Tambem.
Sera que importa a forma que eu me faco ser ? Tao bem.
Ou nada importa no que eu acredito se o que eu acredito nao for ?

As vezes balanco
Na minha verdade que ja desconheco

Mas acho que para conhecer, so duvidando mesmo

O que diria minha imaginacao se nao soubesse que ela eh somente imaginacao
Aonde estaria, entao, a minha inspiracao ?